Curiosidades, mitos e verdades do universo circense sob a ótica dos espetáculos do Circo Porto Rico
Dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos 4.000 anos. Durante três dias, mantive contato direto com a trupe do Circo Porto Rico durante sua temporada na cidade de Forquilha- CE. A presente reportagem faz menção sobre a vivência desses artistas dentro e fora do picadeiro, bem como cotidiano, estilo de vida, dificuldades enfrentadas, superação de preconceitos, e desmistificação de assuntos rotulados pela sociedade, baseado em relatos provenientes da experiência dos próprios artistas.
O Circo Porto Rico tem 12 anos de existência e durante esse período coleciona diversas apresentações pelo Brasil afora e em países como Argentina e Uruguai. A paixão pelo universo circense está na genética. Os irmãos paranaenses Paulo Renato e Wagner Porto cresceram no picadeiro e viram o circo fundado pelo pai tomar forma. Com o apoio da família, eles gerenciam a trupe de 30 pessoas entre artistas, cenógrafos, iluminadores, sonoplastas e técnicos de apoio. O espetáculo conta com estrutura de luzes, sons e efeitos assim como acomodações confortáveis que propiciam ao público desfrutar de cada momento da melhor forma possível. Há duas saídas de emergência em pontos estratégicos e todas as instalações são vistoriadas pelo Corpo de Bombeiros.
O apagar das luzes anuncia o início do show. O público é surpreendido com a música de abertura ‘’Ave Maria’’, que evidencia a fé dos artistas entre aplausos e olhares admirados.
O número posterior a abertura é impressionante e desafia as leis da gravidade. Wagner Porto se transforma em homem- pássaro e faz diversas acrobacias no ar, apoiando-se tecidos sustentados por argolas de ferro, arrancando aplausos de toda plátéia. Wagner me fala um pouco sobre o contentamento e responsabilidade de entreter as pessoas, à medida que traça um paralelo de aprendizado constante entre circo e vida.
Em seguida, é a vez do palhaço Ditinho entrar em cena. O número contagia crianças e adultos na mesma proporção. Tanto Ditinho como Jefferson (palhaço Costela) interagem com o público através de brincadeiras que arrancam boas risadas de todos os presentes. Nos bastidores, Jefferson me conta que sempre foi bem humorado e fascinado pela arte circense. Veio de um circo menor e está gostando de integrar a trupe do Porto Rico. Segundo ele, se encontrou na profissão ‘’Não há nada melhor do que fazer o que gosta. Para mim, é uma satisfação fazer as pessoas sorrirem’’, diz.
Paulo Renato apresenta suas habilidades: Equilibra-se sobre cilindros, faz malabarismos, magia e ilusionismo, é trapezista e pilota motos do Globo da Morte ‘’Já estou acostumado, sempre que quero inovar ensaio mais um pouco. A rotina exige técnica, esforço e concentração”. Quando me refiro ao número do Globo da Morte, Paulo é categórico: ‘’Não é brincadeira para amadores. Somos profissionais, fazemos esse número há anos e mesmo assim não estamos ilesos a sofrer pequenos acidentes’’. Hélio além de trapezista também é piloto globista, juntamente com Wagner Porto e Kennedy.
Há participação infantil em números como Mastro chinês e dança. Glória Estéfani, 8 anos é filha do palhaço Ditinho e da assistente de picadeiro Isabel. Na imagem a seguir, a menina mostra bastante desenvoltura, sempre auxiliada por Wagner Porto e Hélio. ‘’É muito bom fazer parte do Circo. Os tios me ensinam com muito cuidado e paciência. Adoro dançar’’ diz Glória, eufórica e comunicativa.
Curiosidades
É perceptível a pluralidade cultural presente no ambiente circense. Na trupe do Porto Rico, há artistas de diversos estados como Maranhão, Paraíba, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Há uma diversidade de culturas, dialetos e costumes. Com muitos sonhos e histórias para contar na bagagem, essas famílias unem-se em uma só em torno de um único objetivo: Levar alegria e entretenimento por onde passam. Acomodados em ônibus e trailers, o dia a dia da trupe é bem corrido. Eles se dividem entre divulgação e ensaios de números.
As crianças são bastante simpáticas e adaptadas ao ritmo de vida do circo. Importante salientar a preocupação dos pais com a educação dos seus filhos. Isabel, mãe de Glória (8 anos) relatou quando o circo se fixa na cidade, logo procura informações sobre escolas para poder fazer a matrícula. Luana, esposa de Paulo Renato e mãe de Larah (4 anos) e Arthur também adota essa prática, bem como técnicos e equipe de apoio. Todos eles têm seus filhos alfabetizados e inseridos no ambiente escolar.
Durante os intervalos do espetáculo, os artistas saem do picadeiro e se revezam na venda de balas, algodão doce, churros e crepes. É uma maneira alternativa de complementar a renda do circo.
Desmistificando rótulos e abraçando sonhos
Foto: Kaliman, ex-domador. Atualmente trabalha na bilheteria do Circo Porto Rico |
É impossível não se contagiar em meio a energia que emana desse universo: São histórias de vida, sorrisos estampados nos rostos e tantas outras sensações de descoberta e encantamento que somente o circo é capaz de provocar. Permita-se embarcar nessa viagem!
Por Vanessa Nobre
categoria: Artigo, Culturarte
Muito bom texto que exclace que a vida circense é rica e sacrificante.
ResponderExcluir:-)
ResponderExcluirRealmente eh um dos melhores circos :) tive a honra de participar e brincar no picadeiro cm os palhaços :) ada se compara ao encanto e a magia do Circo! Circo Porto Rico que DEUS OS ABENÇOE E OS FAÇAM CRESCER CADA VEZ MAIS. Sucesso sempre!
ResponderExcluirMuito bom esse circo :) !! Principalmente ps gatos
ResponderExcluirmuito legal
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